Batalha de MCs da Santa Cruz

domingo, 10 de agosto de 2008

Rap ganha novos espaços sem deixar de ser rua




A calçada do Colégio Marista Arquidiocesano e o charmoso bar do Hotel Cambridge são palco de uma das mais importantes vertentes musicais do país, o rap. O estilo musical tido como coisa de “maloqueiro” e que antes se restringia às periferias cresce e ganha cada vez mais espaço com o Hip Hop.
O movimento é o mesmo, não perdeu a essência. Rap, break e graffit agora têm local fixo e hora marcada, seja na Welcome To Hip Hop, na Jam Black Undergroud ou na Batalha de Mc´s da Santa Cruz. Na agenda é só reservar as vésperas de feriado e sábados à noite para ir a duas das festas mais comentadas da cidade ou então à batalha de free style que há dois anos revela talentos.
Conhecido por dar espaço a festas alternativas, o Hotel foi a escolha de Tato Sales Ribeiro, 28, da Jam Black Produções, que fez do berço da bossa nova nos anos 50, reduto para quem aprecia o bom underground. A produtora que começou em 2004 já levou ao Cambridge Paula Lima, Kl Jay e Dj Premier, “Minha intenção era atender a um público que sentia falta de espaços que tocassem música negra alternativa, como havia nos anos 90”, disse Tato que reúne cerca de mil pessoas por festa.
Em frente ao Arquidiocesano acontece a Batalha de Mc´s da Santa Cruz organizada pelo Afrika Kidz Crew. Os meninos da Santa Cruz abrem espaço para os novos talentos em uma batalha que dá 30 segundos para cada Mc em uma disputa melhor de três. P.R., Bitrinho, D. Flow, Ericone, Jay-P., 10= (desigual), Loko da Sul, L.T.A., M.T. e Marcelo “gugu” são responsáveis pelo barulho das rimas improvisadas em estilo livre na calçada do colégio que este ano completa 150 anos.
As roupas largas e coloridas foram substituídas por um estilo que mistura o gangster ao esportivo, mas a atitude continua a mesma. “Rua, é quem faz o rap por amor, por coração, quem faz porque sabe que existe boa música, e que no rap existe boa música. Rua define tudo que gosto e levo como vida” define P.R. um dos idealizadores do Afrika Kidz.
Não mais visto como coisa de favela, o Hip Hop, mostrou o valor de seus elementos. Para Tato “A cena que vivia restrita a rodinhas tem ganhado cada vez mais espaço porque música boa não precisa de rótulo”. Por isso não dá para conter iniciativas como a do AFK, da Rinha dos MC´s ou ignorar o sucesso de festas como as do Zoeira Hip hop, Central Acústica e Copam.
O charme da rua atrai um novo público. Estar em lugares clássicos e tradicionais traz novas oportunidades - Boa parte dos freqüentadores da Batalha a conheceu por freqüentar o shopping que fica do outro lado da rua. Esses novos espaços acrescentam na cultura, não a depreciam e podem vir a se tornar parte de sua história como a saudosa Estação São Bento.